Projeto História e Memória da Psicologia em SP - CRP SP

Artigo

João Carvalhaes: pioneiro da Psicologia do Esporte(1)

de Maria Fernanda Costa Waeny*
Mônica Leopardi Bosco de Azevedo **
Publicada em 2003

Infância e formação

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João Carvalhaes nasceu no dia 15 de agosto de 1917 em Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo; aos 17 anos foi aprovado no curso fundamental da Escola Normal de sua cidade natal e no ano seguinte (1935) recebeu o diploma de habilitação para o magistério.

Em 1940 iniciou sua formação no curso de Bacharelado em Ciências Políticas pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo. Há algumas apostilas em seu acervo desta escola; os temas tratados são: estatística, ciência política, sociologia, sociologia geral, reconstrução racional da sociedade, seleção social, histórias das doutrinas econômicas, biologia geral, psicologia geral, fisiologia do trabalho e psicologia da personalidade. Entretanto, os dados sobre a formação de João Carvalhaes ainda são imprecisos. Ruy Castro, por exemplo, refere-se ao professor Carvalhaes como um sociólogo licenciado em psicologia (Estrela Solitária: um brasileiro chamado Garrincha. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 135). Sabe-se também que ele obteve duas matrículas como jornalista profissional (no 868 e no 2597) e uma como psicólogo (no 29). O duplo registro como jornalista aparece em dois documentos, ambos de 1946: uma carta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo aceitando sua reinclusão no quadro social da entidade; e um xerox da Carteira de Trabalho, onde consta seu registro como jornalista profissional na 1ª Seção da Diretoria de Organização do Trabalho do Departamento Estadual do Trabalho. Mas sua trajetória profissional é clara: do jornalismo ao jornalismo desportivo e da licenciatura em psicologia à psicologia do esporte. Um bom exemplo desta primeira fase como jornalista licenciado em psicologia é o artigo que publicou no Jornal da Cidade de Taquaritinga, Resultado do método introspectivo, em 01/01/1944.

Os documentos de seu acervo permitem afirmar que, aproximadamente na década de 1950, ele se interessou pelo jornalismo esportivo, especialmente o boxe. Exemplos deste interesse são os artigos que redigiu para o jornal Equipe, entre 1952 e 1956, sob o pseudônimo João do Ringue, entre os quais Fui derrotado por um incompetente de um juiz; O maior em pugilismo; Ralph agradou sem convencer; Sacomã derrotado; Saiba como contar os pontos de uma luta de box; O boxe à moda antiga; Pugilistas para Archie Moore; Você, Federação Paulista de Pugilismo, que é feliz ....

Dois artigos de jornal, Por meio da psicotécnica João Carvalhaes seleciona candidatos no curso de jurados (Folha da Noite, 13/4/ de 1955) e a série de artigos Psicologia no Ringue (Equipe, 14/03 a 25/04/ de 1957), sugerem o início de um novo período profissional, a fase da psicologia aplicada ao esporte(2) . Antes, no entanto, ele já demonstrava interesse pela psicologia. Datam da década de 1950 certificados em cursos de aperfeiçoamento, a adesão a entidades da categoria e anotações sobre a psicologia. Sobre este último, há um caderno, provavelmente de 1955, com notas de aulas e com observações sobre o método projetivo de Rorschach. Ele freqüentou o curso de aperfeiçoamento do Centro de Estudos Franco da Rocha sobre Psicodiagnóstico de Mira y López (04/04 a 12/05 de 1951); participou dos cursos oferecidos pela Sociedade de Psicologia de São Paulo sobre o Psicodiagnóstico Miocinético do Prof. Mira y López, proferido por Hernani Borges Carneiro (22/09 a 10/10 de 1952), e sobre Modernas Teorias da Personalidade, proferido por Carolina Martuscelli Bori (21/10 a 13/11 de 1953). Quanto à participação em entidades de classe, em 1952 ele renunciou ao cargo de secretário que ocupava na Sociedade de Psicologia de São Paulo.

Na psicologia, João Carvalhaes deu atenção especial à psicotécnica. Exemplos disso foram os cargos que ocupou nas instituições em que trabalhou. Na Light & Power (1942-1946), por exemplo, ocupou os cargos de Escriturário e Encarregado de Grupo executando, a título experimental, trabalhos relativos à Seleção de Pessoal com a aplicação de testes. Na Federação Paulista de Futebol, trabalhou na seleção psicotécnica de candidatos à Escola de Árbitros e na preparação psicológica dos mesmos (1954-1959). Na Federação Paulista de Pugilismo, contribuiu para a seleção de candidatos ao Curso de Jurados e Juízes através de processos científicos, com base na psicologia aplicada, entre 1957 e 1961. No Instituto Brasileiro de Segurança, foi consultor nos aspectos psicotécnicos, entre 1959 e 1962. Na CMTC, trabalhou entre 1947 e 1970; de 1947 a 1957, ocupou dois cargos diferentes: Assistente Técnico da Divisão de Psicologia e Formação Profissional e Chefe da Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho do Departamento Médico; seu último cargo nesta instituição foi Psicotécnico Supervisor nas áreas de ensino, seleção e formação profissional.

Outros exemplos de interesse pela psicotécnica são os diversos testes que constam em seu acervo (Teste de Aptidões Específicas - habilidade numérica, raciocínio abstrato, raciocínio mecânico, uso da linguagem, raciocínio verbal, rapidez e exatidão e relações espaciais); Testes Equiculturais de Inteligência, Teste de Apercepção Temática, Teste Coletivo de Inteligência para Adultos, Teste AC, Teste de Dominós, Bateria Burocrática VIG, INV, G36, PMK, 16PF, D 48, Pirâmides Coloridas de Pfister, IVOTA, Teste de Ribakow, Teste de Sinônimos, Inventário Ilustrado de Interesses, Matrizes Progressivas, Zulliger). Uma carta do Ministério de Educação e Cultura (maio/1955) confirma o interesse pelos testes; diz a carta que a CILEME quer organizar um arquivo de testes, e solicita a João Carvalhaes o envio de cada um dos que usa na CMTC. E também um teste de sua autoria, o JC, cuja legitimidade é comprovada por uma carta do seu acervo, datada de 13/6/1955, dizendo que o referido material estava em processo de análise pela CILEME(3).

João Carvalhaes trabalhava com psicologia aplicada ao esporte e com psicotécnica desde o início da década de 1950, aproximadamente, e esta experiência certamente contribuiu para que, em 1958, ele fosse convocado para o Campeonato Mundial de Futebol, na Suécia.

O Campeonato Mundial de Futebol na Suécia em 1958


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Apesar de João Carvalhaes ter participado da preparação preliminar dos atletas e acompanhado a equipe brasileira no Campeonato Mundial de Futebol, sua convocação para a delegação brasileira foi controvertida. A Confederação Brasileira de Futebol havia decidido que a presença e o trabalho do psicólogo seria importante para que a "fibra" necessária aos jogadores durante o campeonato se mantivesse presente. Tendo aceito o convite e o desafio, em abril ele solicitou dispensa à CMTC entre os dias 7 e 20, a fim de realizar exames nos jogadores da Delegação Brasileira do Campeonato Mundial de Futebol. Todos os resultados dos exames eram redigidos em papel timbrado da CBF, como comprovam alguns documentos de seu acervo, entre os quais Resultados dos exames com jogadores para Carlos Nascimento, Supervisor do selecionado Brasileiro (datados de 24/06, 14/07 e 19/07); e o Relatório sobre as atividades desenvolvidas no setor psicotécnico para o então chefe da Delegação Brasileira de Futebol, Paulo Machado de Carvalho (datado de 30/06). Cumpre lembrar que estes documentos ficavam sob sua responsabilidade e a avaliação não era divulgada publicamente(4).

A vitória da seleção brasileira teve um duplo resultado para a atividade de psicólogo no esporte naquela ocasião: por um lado foi atribuída à atividade psicológica um valor expressivo e a psicologia foi reconhecida. Exemplos disso foram artigos como Carvalhaes deve ser responsável (Esporte News, 29/06/58), Carvalhaes, um dos motivos da vitória dos brasileiros (Sports Ilustrated apud Folha da Manhã, 10/07/58), Diário Secreto de Paulo Machado de Carvalho: finanças, organização e psicologia dos campeões (Última Hora, 15/10/58), João Carvalhaes virou assunto do dia para os jogadores (Esporte News, 20/04/58), Não há jururus na seleção...Carvalhaes peça útil na máquina da seleção (Gazeta Esportiva, 05/06/58), Psicotécnica nos Esportes (O Estado de São Paulo, 09/10/58). Em contrapartida, um mal estar instalou-se devido à participação de um psicólogo junto à equipe de futebol. Pensava-se que os resultados dos testes dos jogadores denunciasse os atletas que "tremeriam" num momento de decisão e que, portanto, o psicólogo pudesse interferir na escalação do time. Tudo indica que isto não aconteceu, porque tais resultados não tiveram poder de eliminar alguém. É provável que esta dúvida, quanto à importância do psicólogo para a vitória da seleção brasileira, tenha influenciado a decisão de se afastar do São Paulo Futebol Clube. Em 1959, a Revista Tricolor publicou a carta de despedida de João Carvalhaes do São Paulo Futebol Clube; esta talvez tenha sido a maneira que encontrou para se eximir de quaisquer comentários pejorativos sobre seu trabalho. Porém, consta dos arquivos do clube a contratação de João Carvalhaes, em 1969, como psicólogo pelo São Paulo Futebol Clube, o que reforça a importância de seu trabalho.

A vontade de ser psicólogo (1962)

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A correspondência de João Carvalhaes, em 1962, sobretudo nos meses outubro-dezembro, evidencia o empenho para ser reconhecido como psicólogo, motivo pelo qual solicitou a amigos, colegas de trabalho e representantes de entidades esportivas documentos que comprovassem sua atuação profissional. Desta época, destacam-se exemplos como: carta de Manoel Raymundo Paes de Almeida (à época Diretor do São Paulo Futebol Clube) a João Mendonça Falcão (da Federação Paulista de Futebol), solicitando atestado comprobatório dos serviços prestados por João Carvalhaes para a seleção psicotécnica dos candidatos à Escola de Árbitros, para a preparação psicológica no período 1954-1959 e atestado de suas atividades como psicólogo na Seleção Brasileira de Futebol, a fim de que pudesse ser enquadrado na lei no 4119 de 27/08/62; carta do Chefe do Departamento Pessoal da Companhia Municipal de Transporte Coletivo atestando que trabalhou como Assistente Técnico da Divisão de Psicologia e Formação Profissional, entre 1947 e 1957; certificado do São Paulo Futebol Clube afirmando que o psicólogo prestou serviços especializados na entidade sobre os estados tensionais como fator predisponente às distensões musculares; Certificado da Federação Paulista de Futebol atestando que prestou serviços na seleção psicotécnica de candidatos à Escola de Árbitros e na preparação psicológica, entre 1954 e 1959; certificado do Instituto Brasileiro de Segurança afirmando que foi consultor, nos aspectos psicotécnicos, da atividade de três Grupos de Trabalho, nomeados pela Plenária da Divisão, entre 1959 e 1962; certificado da Federação Paulista de Pugilismo confirmando sua contribuição à seleção de candidatos para o Curso de Jurados e Juízes da entidade através de processos científicos e com base na psicologia aplicada, entre 1957 e 1961; carta resposta da Confederação Brasileira de Futebol ao São Paulo Futebol Clube alegando que fez parte da Delegação Brasileira, e que sua função era preparo psicológico; declaração da Sociedade de Psicologia de São Paulo atestando que foi sócio efetivo e segundo-secretário, de maio de 1951 a maio de 1952; certificado confirmando que trabalhou no Departamento de Serviço de Pessoal da São Paulo Light S.A., entre 1942 e 1946 quando executou, a título experimental, trabalhos relativos à seleção de pessoal com a aplicação de testes; certificado de psicólogo emitido pelo São Paulo Futebol Clube, afirmando que as atividades de João Carvalhaes são: aplicação e interpretação de testes de personalidade e inteligência; organização e orientação de cursos que visem à preparação psicológica dos atletas; orientação e instalação do laboratório de futuras experimentações e pesquisas, com recursos para medir visão estereocópica (binocular), reação psicomotora a estímulos visuais e a estímulos auditivos; cálculo de velocidade relativa; cálculo de espaços em largura e sensação quinestésica; certificado de palestra à Escola de Educação Física do Estado de São Paulo sob o título Psicologia a serviço do desporto; certificado de palestra à Escola de Educação Física do Estado de São Paulo sob o título Experimentações Psicológicas no Futebol.

O psicólogo João Carvalhaes

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No final da década de 50 e início dos anos 60, estava em gestação um movimento para a psicologia ser reconhecida como profissão. Paralelamente, ocorria a reivindicação daqueles que, apesar de não terem formação na área mas atuarem nela, queriam ser reconhecidos como psicólogos. João Carvalhaes foi uma destas pessoas que, na década de 60, recuperam todos os documentos comprobatórios de sua atuação como psicólogo, obtendo o registro número 29 junto ao Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. Mas, apesar de toda polêmica gerada por sua atuação na equipe de futebol, ele não abandonou de todo o esporte e continuou atuando no Pugilismo, como mostram os documentos existentes em seu arquivo pessoal. Estão arquivadas, por exemplo, carta da Federação Paulista de Pugilismo agradecendo pela colaboração nos exames e na assistência aos atletas; e carta da Federação Paulista de Pugilismo agradecendo relatório das atividades com a equipe de Box amador dos IV Jogos Pan-americanos - no qual foram conquistadas três medalhas de ouro, cinco de prata e uma de bronze.

De outras modalidades desportivas, há uma carta da Federação Paulista de Basketball agradecendo a colaboração aos atletas da equipe do II Torneio Mundial de Biddy Basketball, em Porto Rico. E uma outra carta, desta vez da Escola de Educação Física da Universidade Católica de Minas Gerais, convida os alunos de Educação Física e de Psicologia para palestra sobre Psicologia e Esporte proferida por João Carvalhaes (este convite indica que, de fato, ele teve influência na área). Entretanto, o interesse de João Carvalhaes pela psicologia do esporte, ao que tudo indica, dirigia-se, também, às condições de desenvolvimento global do atleta. Por exemplo, em carta enviada ao Diretor do Departamento de Futebol Profissional do São Paulo Futebol Clube ele revela sua preocupação com os atletas de base e se referiu às condições sócio-econômicas do atleta, sugerindo amparo material e psicológico para aqueles entre 14 e 18 anos.

Suas atividades profissionais eram diversificadas, dado que trabalhava com equipes de esporte, proferia palestras, publicava artigos científicos e trabalhava em instituições públicas ou privadas, assessorando-as nas áreas de seleção, recrutamento e treinamento. No acervo pessoal do psicólogo cartas da Phebo, Fundação Getúlio Vargas, Estrada de Ferro Sorocabana, Credicard, Banco de Crédito Nacional, IDORT, Serbank e VASP, por exemplo, atestam tal inserção institucional. Outro exemplo aparece quando de seu ingresso no Metrô: consta da ata da primeira reunião da gerência de relações de trabalho, à qual estiveram presentes Oscar Pretto e João Carvalhaes, que o psicólogo iria implantar formulários para solicitação de pessoal e entrevistas, estudar rotinas de recrutamento e seleção, fazer contrato com a firma selecionadora e elaborar catálogo geral de cargos e salários.

O reconhecimento de sua atuação como psicólogo aconteceu tanto por parte do São Paulo Futebol Clube como por parte do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. Na comemoração do I Centenário da Psicologia como Ciência, foi-lhe atribuída, postumamente (ele faleceu em 1976), a medalha "Centenário da Psicologia Científica", por sua contribuição ao desenvolvimento da Psicologia.

Questões éticas

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A conduta ética de João Carvalhaes pode ser questionada em dois momentos, e por diferentes motivos.

No primeiro deles, trata-se do roubo dos testes quando do seu retorno da Suécia, em 1958. Em carta a Paulo Machado de Carvalho (08/7/1958), o psicólogo agradece a oportunidade de pesquisa científica em psicologia e em seguida fala sobre a violação da bagagem e o desaparecimento dos testes. Em outra ocasião, alguns anos depois, viria pesar sobre João Carvalhaes a acusação de tornar público o resultado de testes psicológicos que, a princípio, deveriam ser sigilosos. Na verdade, a publicação dos testes não foi autorizada pelo psicólogo, e se eles foram publicados em jornal de grande circulação, foi porque foram emprestados pela família a um psicólogo após o falecimento de João Carvalhaes. O agravante desta situação foi uma reavaliação que outros psicólogos fizeram daqueles mesmos testes anteriormente aplicados por João Carvalhaes. Mas a postura de João Carvalhaes a este respeito era clara: em carta ao então presidente da Sociedade de Psicologia de São Paulo, Theo van Kolck (em 11/9/1967), ele defende o sigilo psicológico e a não publicação de resultados de testes psicológicos na imprensa e na mídia.

Outro momento em que sua atuação pode ser questionada data de junho-julho de 1971 e se refere à facilidade com que se passava nos exames para motorista. De fato, consta mesmo do acervo de João Carvalhaes um volante que sugere ser mais fácil passar neste exame com o psicólogo, e uma carta da Sociedade de Psicologia de São Paulo (08/6/1971) citou este volante veiculado, à época, pela Serbank. Obviamente, a resposta da Serbank a esta Sociedade (23/6/1971) tem por tema a repercussão do volante divulgado, e alega que João Carvalhaes era o psicólogo responsável pelo setor psicotécnico da organização. Nessa mesma ocasião, (22/6/1971) uma outra carta, agora da Associação Profissional dos Psicólogos do Estado de São Paulo, assinada por Oswaldo de Barros Santos, anexa o seguinte texto, muito provavelmente cópia do volante: "Passe no exame psicotécnico para motorista ... lá você vai encontrar o Dr. Carvalhaes e a equipe mais especializada ... vai ver como é fácil, rápido e perfeito... ". O conteúdo da carta alega que o nome do colega (João Carvalhaes) aparece em contexto publicitário estranho, e solicita a suspensão da distribuição do referido volante. O problema se encerra, ao que tudo indica, com uma carta da Serbank à Associação Profissional de Psicólogos do Estado de São Paulo (20/7/1971) solicitando apreciação deste mesmo volante.

Estes dois eventos merecem atenção e pesquisa. Ambos tratam de um mesmo assunto, a veiculação de material psicológico pela mídia. De qualquer forma, todos os depoentes que participaram da homenagem e do vídeo-documentário sobre João Carvalhaes foram unânimes em defender a conduta ética dele perante a divulgação de testes psicológicos, e defendê-lo também da crítica que recebeu pelo suposto impedimento que impôs a jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, em 1958. Quanto ao volante, não se sabe quem redigiu o texto e nem quem autorizou sua veiculação.

Bibliografia preliminar de João Carvalhae


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À exceção de alguns artigos localizados em bibliotecas, a relação abaixo pertence ao arquivo pessoal da família Carvalhaes. São textos (manuscritos ou datilografados), papers, artigos, impressos, recortes de jornal e revista e documentos atualmente acondicionados em pastas. A identificação complementar dos títulos, quando houver, fica entre parênteses.

Bibliografia não publicada

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A fadiga; A psicotécnica e a arbitragem; Ainda é tempo de se desenvolver; Algumas considerações sobre a inteligência do atleta de futebol - considerações preliminares; Apostila sobre condicionamento da voz de comando e sua influência no comportamento numa equipe de futebol; Apostila sobre psicotécnica desportiva; Aquecimento físico - fator de sensibilidade psicossocial (1969); Cargo de recrutador; Considerações gerais sobre o treinamento autógeno; Considerações sobre a inteligência do atleta de futebol; Considerações sobre o trabalho de descrição e especificações de cargos; Contribuição do psicólogo na preparação física; Craque e inibição; Curso de estatística desenvolvido na CMTC (1953); Curso de técnicas de chefia; Curso de treinamento de aplicadores de prova (1950); Descrição de cargo; Diferenças individuais; Duas experiências de descondicionamentos numa equipe de futebol; Entrevista; Estado psicológico e rendimento do atleta no futebol (1964); Estudo das relações básicas do atleta; Fixação de níveis de classificação; Formulário sobre descrição e análise de cargos; Influência do álcool na vida do atleta; Inteligência do atleta no futebol; Liderança; Mercado de trabalho; Necessidades do atleta; Necessidades e preferências do comprador; Nomenclatura profissional; Normas e definições das baterias de exame psicológico; Novo teste de coordenação motora; O atleta e a tensão psicológica; O homem ao avesso; O que é a psicologia; O que é chefia; O que um diretor de vendas deve saber; Objetivo e técnica de aplicação do Teste Sinal; Organização administrativa e técnica do atleta de futebol do SPFC; Padrões de classificação dos diversos testes psicológicos utilizados no setor de seleção do Metrô; Personalidades do vendedor e do comprador; Porque o teste psicológico?; Potencial intelectual e personalidade; Processo de eliminação dos estereótipos negativos no futebol; Prognosticar rendimento no atleta exige estudo, pesquisa, estatística ... e um pouco de psicologia (1967); Psicologia social com legendas K (O indivíduo na sociedade) e C2 (Dinâmica de grupo); Qualidade do trabalho; Quem é o empregado?; Seleção e serviço social; Seleção e unidade afins; Seleção, complemento do recrutamento; Seleção, política; Sensibilização; Sessões de Dinâmica de Grupo com os Vendedores da Capital (1970-1971); Subordinado, ou desconhecido? O homem nos postos de subordinação; Teatro como meio de prevenção de acidentes; Técnica de recrutamento; Técnicas de orientação psicológica para o atleta de futebol; Um psicólogo para os atletas; Utilidade da psicologia; Valor da seleção e do homem; Vantagens do homem nos postos de subordinação; Veiculação dos apelos.

Palestras e participações em eventos científicos

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    • Cartão de sócio da International Society of Sport Psychology (sem data)
    • Contribuição do psicólogo na preparação física (paper apresentado ao I Encontro de Preparadores Físicos de Futebol do Estado de São Paulo, sem data)
    • Nomenclatura profissional (paper apresentado ao II Congresso de Direito Social, sem data)
    • Psicologia a serviço do Desporto (palestra à Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, 1958)
    • Organização de unidades que funcionam como meio de segurança - doutrinação psicológica como fator de prevenção de acidentes (paper apresentado ao V Congresso Nacional da CIPAs, 1959)
    • Experimentações psicológicas no esporte (paper apresentado ao VI Congresso Inter-Americano de Psicologia, 1960)
    • Experimentações Psicológicas no Futebol (palestra à Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, 1961)
    • Certificado de participação no Congresso Americano de Medicina do Trabalho (1964)
    • Correlação entre o estado psicológico e o rendimento do atleta no futebol e conseqüente prognóstico da performance (paper apresentado ao II Congresso Internacional de Psicologia do Esporte, Washington,1968)
    • Certificado de participação no V Congresso Internacional de Psicodrama e Congresso Internacional de Comunidade Terapêutica (1970)
    • Participação na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, por sua devoção à psicologia, e provavelmente como convidado em 1972, pois diz o documento que: "... ao convidá-lo, os seus organizadores objetivaram ..."
    • O psicólogo no esporte (palestra à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 1972)
    • Testes psicológicos e a seleção de pessoal (palestra à Faculdade de Administração de Empresas do Instituto de Ensino Superior Senador Flaquer, 1972)
    • Sociometria e experimentação de dinâmica de grupo no futebol (paper apresentado ao III Congresso Mundial de Psicologia do Esporte, 1973)
    • A Psicologia no futebol (palestra à Faculdade de Educação Física de Santo André, 1973)
    • Certificado de participação do XIV Congresso Interamericano de Psicologia (1973 ou 1975)
    • A Psicologia no esporte (palestra ao Rotary Club de São Paulo, 1974)
    • Contribuição do psicólogo na preparação física do futebol (paper apresentado ao I Encontro de Preparadores Físicos de Futebol do Estado de São Paulo, 1975)
    • Contribuição do psicólogo na preparação física do futebol (palestra à Escola Bellini de Futebol, 1975)

Artigos sob o pseudônimo João do Ringue
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    • Fui derrotado por um incompetente de um juiz (Equipe, 7 de fevereiro de 1952)
    • O maior em pugilismo (Equipe, 27 de março de 1952)
    • O boxe à moda antiga (Equipe, 1 de maio de 1952)
    • Restou uma máscara de sofrimento (Equipe, 19 de junho de 1952)
    • Saiba como contar os pontos de uma luta de Box (Equipe, 28 de agosto de 1952)
    • Ralph agradou sem convencer (Equipe, 18 de setembro de 1952)
    • Sacomã derrotado (Equipe, 2 de outubro de 1952)
    • Você, F.P.F., que é feliz... (Equipe, 9 de abril de 1953)
    • Pugilistas para Archie Moore (Equipe, 22 de outubro de 1953)
    • Psicologia no Ringue I (Equipe, 14 de março de 1957)
    • Psicologia no Ringue II (Equipe, 21 de março de 1957)
    • Psicologia no Ringue III (Equipe, 28 de março de 1957)
    • Psicologia no Ringue IV (Equipe, 4 de abril de 1957)
    • Psicologia no Ringue V (Equipe, 11 de abril de 1957)
    • Psicologia no Ringue VI (Equipe, 18 de abril de 1957)
    • Psicologia no Ringue VIII (Equipe, 25 de abril de 1957)

Artigos publicados

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    • Jofre sonha de olhos abertos (Reportagem em revista)
    • Aprenda a boxear (A Gazeta Esportiva Ilustrada)
    • Dois pesos e duas medidas (A Gazeta Esportiva Ilustrada)
    • O endiabrado Luizão (A Gazeta Esportiva Ilustrada)
    • Pichinin (A Gazeta Esportiva Ilustrada)
    • Tragédia nervosa (A Gazeta Esportiva Ilustrada)
    • Que isto sirva de lição (Digesto Econômico, 1945, I, 10, p.86)
    • Ainda é tempo de se desenvolver (Revista de Organização Científica - IDORT, 1946, ano 15, no 171, p.11)
    • Fatores da produção (Revista Industrial de São Paulo, 1946, II, 15, p.55)
    • Fatores da produção (Revista Industrial de São Paulo, 1946, II, 15, p.55)
    • A pesquisa na propaganda (Digesto Econômico, 1947, III, 26, p.83)
    • Alguns fatores psicológicos da produtividade (O Estado de São Paulo - Suplemento Comercial e Industrial, dez/1955)
    • A psicotécnica a serviço da segurança no trabalho (O Estado de São Paulo - Suplemento Comercial e Industrial, mar/1956)
    • Problemas da Produtividade e sua complexidade (Folha de Santa Rita, 05/ago/1956)
    • Justa homenagem (Folha de Santa Rita, 21/out/1956)
    • Dê personalidade ao vendedor (Revista de Organização Científica -IDORT, 26, 305-306, 1957, p.12)
    • O vendedor é um mau comprador? (Revista de Organização Científica - IDORT, 26, 307-308, 1957, p.24)
    • Improvisação, em massa, de técnicos (Revista de Organização Científica -IDORT,26,311-312, 1957, p.30)
    • A psicologia na atividade do vendedor (Revista de Organização Científica -IDORT, 313/314, 1958)
    • Psicologia - Revolução brasileira na história do football universal
    • (Diário de São Paulo, 13/nov 1958)
    • Psicologia - Revolução brasileira na história do football universal (Diário de São Paulo, 14/nov 1958)
    • Experimentações psicológicas no esporte (Anais do VI Congresso Inter-Americano de Psicologia, 1960, p.142)
    • Desvantagens psicológicas dos conselhos padronizados (Homem de Negócios, I, 8, 1961, p.19)
    • Dos cadernos de um psicólogo: Diferenças individuais (Homem de Negócios, I, 5,1961, p.13)
    • Dos cadernos de um psicólogo: Personalidade (Homem de Negócios, I, 6, 1961, p.14)
    • Imaginação: qualidade para vendedor (Homem de Negócios, I, 11, 1961, p.20)
    • Psicologia de venda: tipos humanos (Homem de Negócios, I, 7, 1961, p.14)
    • Psicologia e vendedor: a importância do freguês (Homem de Negócios, I, 9, 1961, p.22)
    • Roteiro psicológico para o pessoal de vendas (Homem de Negócios, I, 4, 1961, p.17)
    • Correlation between psychological ... (Analls Contemporary Psychology of Sport, 1968, p. 107-130)
    • Correlação entre o estado psicológico e o rendimento do atleta no futebol e conseqüente prognóstico da performance (Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 21, 3, 1969, p.63-88)
    • Teste Destreza Digital. São Paulo: Vetor, 1970 Teatro, psicologia e prevenção de acidentes (Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 22, 1, 1970, p.95-110)
    • Sociometria e experimentação de dinâmica de grupo no futebol (Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 23, 1, 1971, p.73-98)
    • Considerações sobre a inteligência dos atletas de futebol (Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 23, 2, 1971, p.97-101)
    • Duas experiências de descondicionamento psicológico numa equipe de futebol (Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 24, 4, 1972, p.49-54)
    • Processo de eliminação dos estereótipos negativos no futebol (sem data) O porquê de um psicólogo no futebol (Esporte e Educação, 6, 35, 1974, p.24)
    • Um psicólogo no futebol: relatos e pesquisas. (Livro).
    • São Paulo: Editora Esporte Educação, 1974 Psicologia no esporte: história, fundamentos, perspectivas e pesquisas (Boletim de Psicologia 26, 69, 1975, p. 61-73)

Artigos sobre a repercussão de seu trabalho

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    • João Carvalhaes virou assunto do dia para os jogadores (Sport News, 20/4/1958)
    • Carvalhaes deve ser responsável (Sport News, 29/6/1958)
    • João Carvalhaes fala do seu trabalho (Folha da Tarde, 4/7/1958)
    • Carvalhais, um dos motivos da vitória dos brasileiros (Folha da Manhã, 10/7/1958)
    • Não há jururus na Seleção ... Carvalhaes peça útil na máquina da Seleção (Gazeta Esportiva, 5/6/1958)
    • Obrigação da C.B.D.: Passaporte para Carvalhaes (Sport News, 4/5/1958)
    • Os paraguaios gostariam de contar também com um João Carvalhaes (Sport News, 11/5/1958)
    • Professor Carvalhaes: "Elevado o nível moral dos "scratchmen" (sem nome, 20/5/1958)
    • Trigo e Carvalhais são alvo de críticas baixas (Diário da Noite, 16/7/1958)
    • Carvalhaes: Hipnose é "doping" mental e por isso altamente nociva ao atleta (XX Hora, 26/11/1959)
    • Carvalhaes: A escola de futebol é uma necessidade que se impõe (Folha de São Paulo, 24/11/1961)
    • João Carvalhaes: papel da psicologia no esporte (Folha de São Paulo, 12/10/1961)
    • O grande esquecido (O Esporte, 9/5/1961)
    • Esporte é prá cabeça (Revista Mundo Ilustrado, sem data)
    • Freud na seleção brasileira (sem nome, sem data)
    • Psicólogo Carvalhaes analisa o atleta e o futebol nacional (Diário de Pernambuco, 17/1/1965)
    • São Paulo também quer o título de campeão (Gazeta Esportiva, 23/1/1965)
    • São Paulo, nos Guararapes, recusou ficar no mesmo Hotel com o Corinthians (Diário de Pernambuco, 15/1/1965)
    • Carvalhaes com poesia vê na escolinha time ideal (Notícias Populares, 9/4/1966)
    • Escola de Futebol saiu do sonho do professor (O Estado de São Paulo, 4/2/1966)
    • Idéia de poeta não morre na gaveta (O Estado de São Paulo, 4/2/1966)
    • Carvalhaes com noção (Última Hora, 21/12/1967)
    • O São Paulo é assim (Folha da Tarde, 23/11/1967)
    • O tabu no divã (Última Hora, 14/12/1967)
    • Pelos planos o São Paulo só ia jogar bem em 68 (Jornal da tarde, 26/12/1967)
    • Psicologia e futebol (Última Hora, 2/11/1967) Boxe precisa de Psicologia? E futebol? (Última Hora, 1/9/1968)
    • Com muito segredo, a nova seleção (Folha da tarde, 9/12/1968)
    • Futebol, jogo difícil (O Estado de São Paulo, 27/5/1968)
    • Testes Psicotécnicos (Tribuna da Zona Oeste, 7/12/1968)
    • Um trabalho com a mente (Gazeta Esportiva, 7/5/1968)
    • Desta vez o psicólogo chorou (Folha da Tarde, 16/6/1969)
    • Psicologia também no campo (O Estado de São Paulo, 10/2/1969)
    • As soluções através do psicólogo (Folha de São Paulo, 14/7/1975)
    • Futebol: um jogo psicológico (Gazeta Esportiva, 6/4/1975)
    • Pirillo: Um convite a João Carvalhaes (Gazeta Esportiva, 4/5/1975)
    • Seis testemunhos ... (Gazeta Esportiva, 13/4/1975)
    • Morreu o psicólogo do futebol (Jornal da tarde, 31/3/1976)
    • O Fim (Gazeta Esportiva, 31/3/1976)
    • Um obituário (Revista BCN, 1976)
    • Nota de falecimento (Revista Veja, 7/4/1976)
    • Um estranho doutor no time (O Estado de São Paulo, 7/6/1990)